6 de novembro de 2007

Coiso e tal

Há uma certa crueza que contrasta com o anterior estado de douta ignorância quando subitamente nos apercebemos que estamos a ficar estúpidos.

A vida é uma sucessão de momentos que, tudo bem somadinho, se lá chegarmos, acaba por nos presentear com uma farta cabeleira branca (ou luzidia calvície) e uma elaborada rede de sulcos cutâneos: hoje não conseguimos bem determinar qual o exacto momento em que deixamos de ser uns trintões plenos de libido, potencial e atracção sexual para nos transformarmos numa ameixa seca, mas que ele anda por aí anda, mais tarde ou mais cedo aparece (a não ser que quinemos antes).

Com a estupidez é diferente.

De um dia para o outro apercebemo-nos, em regra bastante tardiamente, da merda que andámos a fazer nos últimos tempos. Semanas, meses, anos, toda uma vida.

O choque é tanto maior quanto a dimensão da nossa percepção, não necessariamente quanto o tamanho das asneiras.

Mas acontecido o clique, acabou.

Todo o nosso passado desfila agora sob uma nova perspectiva, um misto da nossa recentemente iluminada descoberta com aquelas que outros poderiam ter ou, de facto, tiveram de nós.

Mas agora, paciência.

A percepção da estupidez é, ainda, uma faca de dois gumes, qualquer deles demolidor: não só não apaga, como também não redime.

Uma vez estúpido, sempre estúpido.

É claro que pior, pior, seria passar pela vida sem ter a noção disto, que é o que acontece com a grande maioria dos que nos passam a vida a atazanar a cabeça.

Mas enfim, divago e ainda tenho de preparar o tal post das peúgas brancas.

1 comentário:

Patioba disse...

Espreitei aqui, vinda da B-Good e corria tudo bem até me deparar com este retrato.... Não que o retrato esteja não, infelizmente não está! Diria mesmo que está um retrato meu...

Vou tomar a liberdade de pespegar o link lá em "casa"!