Há uma certa crueza que contrasta com o anterior estado de douta ignorância quando subitamente nos apercebemos que estamos a ficar estúpidos.
A vida é uma sucessão de momentos que, tudo bem somadinho, se lá chegarmos, acaba por nos presentear com uma farta cabeleira branca (ou luzidia calvície) e uma elaborada rede de sulcos cutâneos: hoje não conseguimos bem determinar qual o exacto momento em que deixamos de ser uns trintões plenos de libido, potencial e atracção sexual para nos transformarmos numa ameixa seca, mas que ele anda por aí anda, mais tarde ou mais cedo aparece (a não ser que quinemos antes).
Com a estupidez é diferente.
De um dia para o outro apercebemo-nos, em regra bastante tardiamente, da merda que andámos a fazer nos últimos tempos. Semanas, meses, anos, toda uma vida.
O choque é tanto maior quanto a dimensão da nossa percepção, não necessariamente quanto o tamanho das asneiras.
Mas acontecido o clique, acabou.
Todo o nosso passado desfila agora sob uma nova perspectiva, um misto da nossa recentemente iluminada descoberta com aquelas que outros poderiam ter ou, de facto, tiveram de nós.
Mas agora, paciência.
A percepção da estupidez é, ainda, uma faca de dois gumes, qualquer deles demolidor: não só não apaga, como também não redime.
Uma vez estúpido, sempre estúpido.
É claro que pior, pior, seria passar pela vida sem ter a noção disto, que é o que acontece com a grande maioria dos que nos passam a vida a atazanar a cabeça.
Mas enfim, divago e ainda tenho de preparar o tal post das peúgas brancas.
6 de novembro de 2007
Coiso e tal
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1 comentário:
Espreitei aqui, vinda da B-Good e corria tudo bem até me deparar com este retrato.... Não que o retrato esteja não, infelizmente não está! Diria mesmo que está um retrato meu...
Vou tomar a liberdade de pespegar o link lá em "casa"!
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