27 de janeiro de 2008

António Nobre estava errado

Nunca ninguém está verdadeiramente .

Quem não acredita no sobrenatural, sobretudo em mitos criacionistas e messiânicos, as nossas companhias têm uma particular propensão para ser de carne e osso: a família, os amigos, o/a outro/a, os colegas, o tipo da contabilidade a quem amanhã muito provavelmente irei às trombas, o guarda do estacionamento, a multidão sem nome que qual onda varre os passeios, os centros comerciais, as avenidas, nos dá encontrões nos transportes públicos, visita as nossas páginas na web...

É mais ou menos por aqui que os mais cépticos em relação ao meu cepticismo contrapõem: então e quando estás sozinho de molho? Quem vela por ti? Hã?

A resposta que procuram torna-se óbvia - querem ouvir destes lábios perfeitamente esculpidos por gerações de evolução genética aquilo que, naturalmente, não pronunciarei.

Insistem: não te preocupes, mesmo que não acredites, ele está a olhar por ti. Misericordioso e omnipresente, ele cuida de ti.

Chegado a este ponto, das duas uma: ou é a minha tia Laurinda que está a falar comigo, e aí dou-lhe um beijinho de boa noite, ou então o mais provável é o meu interlocutor ser directa/ subtil/ sarcasticamente mandado à merda, conforme o caso.

Mas sim, parece que está mesmo em todo o lado [ligações para jesus visto numa batata, num bloco de granito e em sítios diversos, como fugas de água e ecografias]

Enfim...

1 comentário:

Pseudo disse...

Sozinho, de molho, mas com um excelente livro...que horas tão pacíficas! Pelo menos no meu caso...

Quanto a ti, duvido que as tuas horas sejam assim, já que tu tens bichos carpinteiros cerebrais :P