25 de dezembro de 2007

* Nativa Idade *

Uma das imagens com que mais nos martirizam a cachimónia desde a infância, além do gorducho barbudo bonacheirão e do trinca-espinhas barbudo algo crucificado, é aquela da Natividade - vá lá, o Presépio.

O meu preferido é este [link para uma foto no Flickr em que o autor, com alguma pertinência, procura demonstrar a razão de ser do nervosismo da ovelha].

Há quem, com requintes de rigor cronológico, apenas coloque a figura nascitura exactamente à meia-noite, atingindo assim um solitário orgasmo natalício, olvidando que tudo não passa de uma mera construção simbólica, com a agravante que, no caso, os símbolos não representam qualquer realidade, apenas estórias.

Por razões que não vêm ao caso, vou passar esta noite sozinho. Not home but alone, so to speak.

Estou a tentar não referir expressões alusivas à quadra, tipo espírito natalício e afins, não por qualquer racionalismo exacerbado, mas apenas porque é patético balizar ou estabelecer objectivos comportamentais em função de celebrações idiotas.

Feliz Natal! O que é que isto quer dizer? O Boas Festas ainda vá que não vá, apela a um certo sentimento humano de comunidade, recato familiar, as orgias do fim do ano... Agora Feliz Celebração do Nascimento Daquele Que Apenas Por Erro de Tradução Se Diz Que Nasceu de Uma Virgem Quando No Original Se Escrevia «Jovem» e Desse Modo Criou Toda Uma Série de Equívocos e Crenças Insanas em Fecundação, Literalmente, Por Obra e Graça do Espírito Santo é que não.

Aquela expressão que há pouco acabei por referir, e que agora repito, espírito natalício, traduz uma ideia que se pode e deve manifestar em qualquer altura do dia ou do ano - no essencial, ser boa onda - connosco e com os outros. É uma frase feita, eu sei, mas só se lembram desta porra nesta altura do ano.

Não é preciso montar uma manjedoura da Barbie para marcar uma posição, demonstrar afectos ou certificar uma conduta.

Por exemplo, há pouco no regresso do trabalho uma velhota tentava equilibrar uma pilha de bolos e embrulhos enquanto procurava as chaves da porta.

Ajudei-a no exacto momento em que a torre começava a cair e ela, agradecida, quis oferecer-me um Bolo Rei: Comprei a mais, fique com um pequenino, menino...

Recusei, tal como a ajudaria desinteressadamente em qualquer outra altura do ano.

E daí, se fosse noutra altura, ainda era capaz de lhe pedir o número de telemóvel da neta.

* Bom Feriado *

1 comentário:

Pseudo disse...

Não me acredito :P