Sou um romântico incurável, como tal é com elevada preocupação que observo nos espaços públicos de lazer, designadamente jardins, parques e afins, a acentuada diminuição de casais na marmelada.
Isto leva-me a três conclusões:
- a óbvia é que arranjaram outro lugar para melhor e de forma mais expansiva darem largas às suas efeverescentes libidos, provavelmente rodeados de caixas de cd's de música e de jogos de consola espalhados pelo chão num quarto de adolescente com mais equipamento electrónico do que o primeiro vai-e-vem espacial;
- a segunda é que tal só acontece porque os pais largam às seis da manhã para o emprego e, tendencialmente, só tornam a pôr os olhos em cima da prole no fim-de-semana, e isto quando não trabalham em turnos esquisitos, dando-lhes assim rédea solta para fazerem o que quiserem, como quiserem, o tempo que quiserem;
- a última, dramática, é que a ideia do jardim como lugar romântico para a troca de carinho e manifestação amorosa se deve, pura e simplesmente, à falta de outro espaço para praticarem a nobre arte do pinanço.
Ah, como mudam os tempos...